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Ser figurinista foi uma experiência bastante válida e enriquecedora, não só para mim, mas também para a outra figurinista da nossa companhia. Nós duas decidimos cada roupa de cada personagem em união com os atores, foi um trabalho de composição em equipe. Todos trouxeram algo para somar, para nos ajudar.

Ao decorrer de cada ensaio, sempre mudava alguma coisa. Ás vezes, o que eu achava que seria ideal para o personagem não era. Foi um momento mesmo de aprendizagem, de ouvir o outro e aceitar opiniões.

O maior problema encontrado foi conseguir fazer com que todos os personagens tenham o mesmo tom de cor predominante. Mas depois de várias trocas e combinações desastrosas alcançamos o padrão desejado. É bem complicado também lembrar do figurino de todo mundo da peça, porque a maioria dos personagens trocam de roupa, e, geralmente, nunca conseguíamos deixar o mesmo figurino para eles em cada ensaio.

Tivemos como base de inspiração, o realismo. Assistimos a alguns filmes e novelas relacionados com favela para podermos agregar mais realidade a cada personagem.

Por ser ambientada em uma favela, o figurino dos personagens são roupas comuns: bermudas e regatas/camisas para os traficantes, calça social e camisa para Seu Melhorança e Seu Isaías, roupas mais recatadas para Dona Eunice (já que é protestante), jeans e camisas/blusas para o pessoal do pagode, roupas apertadas para a empregada, jeans e regata para Sílvia na primeira parte e após os 15 anos, um vestido mais composto; para Toinha, inicialmente, um vestido velho e curto e depois, uma roupa que sugere envelhecimento ao personagem, e por fim, roupas desbotadas montam o figurino de Jacó Xavier.

Cada figurino é composto não só pelas roupas, mas também por acessórios e pela maquiagem, que dão vida ao personagem. As correntes de ouro que Edmilson usa remete à riqueza e poder, já o pano de prato e a flanela de Maria Aparecida ajuda a compor a ideia de empregada e o óculos escuro de Jacó Xavier, juntamente com a bengala, não deixa outra interpretação a não ser a da cegueira. Há também as armas que circundam a maioria dos personagens. Os apetrechos de Mãe Jurema montam a imagem que queremos passar -  “de uma mãe de santo”, isso em junção com seu traje (saia longa, lenço e bijuterias exageradas).

A maquiagem é algo fundamental na construção do personagem, principalmente porque nossos atores são adolescentes e têm que ficar semelhantes a adultos de até 50, 60 anos. É bem difícil deixá-los velhos, usamos maquiagem de envelhecimento e talco ou argila branca nos cabelos. É importante destacar, que cada ator será responsável por sua maquiagem no dia da apresentação.

Montar o personagem é praticamente um quebra- cabeças, onde cada peça é de suma importância. Não é apenas a atuação que conta, o figurino é essencial, é praticamente uma segunda pele do personagem. É ele que vai fazer com que o espectador posso construir uma imagem e compreender qual classe social daquele personagem, qual seu sexo, qual sua história. Lembrando que, até mesmo estar pelado é uma escolha de figurino. Portanto, uma peça sem figurino é impossível. 

 

Nathália Moana

Relato de experiência como figurinista

Minha experiência como figurinista foi bem interessante, com ela aprendi como um figurino caracterizado pode causar sensações ao expextador e influenciar no clima da peça assim como construir sua ambientação a luz e a sonoplastia também caminham juntas para criar esse clima, no mais foi bem divertido já que também nos responsabilizamos pela maquiagem e ajudamos todo mundo a ficar velho.

Fernanda Sena

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