
Eu particularmente tenho dois pontos de vista quanto a isso. Intimamente, eu sei que fui ingênuo quanto a escolher a iluminação... ora, se de 16 pessoas ninguém quis, tinha de haver alguma razão muito boa, mas não, eu não liguei, porque eu simplesmente não queria atuar, eu pensava "QUALQUER COISA, menos atuar" e assim que eu disse eles me aceitaram na hora, estavam exatamente sonhando pra que algum maluco quisesse isso. Eu venho descobrindo aos poucos porquê ninguém queria esse papel. A parte de iluminar em si não é tão difícil, depende principalmente do quanto os elementos vão mudar de uma cena pra outra, pois cada mudança implica num novo desenho de luz, e quanto mais muda, mais difícil fica.
Para complicar mais ainda, o espetáculo é uma coisa viva e isso implica que tudo pode mudar, até mais de uma vez, do início da produção até o dia do espetáculo: X não aparece mais aqui e Y vai parar de implicar com W e o G vai ter que sair do alfabeto...É normal, faz parte do processo e é necessário, mas deixa tudo mais difícil pra fazer bonito em cada ensaio.
Além disso tem os nada simples "relatórios" e "tarefas" que se tem de fazer, como o que estou fazendo agora. E apesar de todos esses problemas eu ainda estou gostando. Afinal, é uma oportunidade única, não há como negar, pois eu nunca teria nada parecido na vida em praticamente qualquer outra escola. Atuar eu ainda vou ter outras oportunidades na vida, mas ter a chance de aprender a utilizar todos aqueles equipamentos tem sido fantástico, é uma sensação de fazer magia... fazer arte.
Conhecimentos adquiridos com essa experiência e importância da Iluminação cênica
Por mais certo que você acha que está, você ainda pode estar errado... e muito. Mas é tudo uma questão de opinião. A coisa mais importante que aprendi nesse tempo é que nunca devemos nos meter em algo que não sabemos aonde vai dar, mas que caso aconteça, dê o melhor de si, pois vai ser tudo ou nada.
Para você que acha que iluminar uma peça é só acender a luz, está redondamente enganado.Ser iluminador não é fácil. Se você erra, todo mundo percebe, pois a visão e a audição são os sentidos mais usados quando se está assistindo uma peça. E é bem difícil não errar nada, então quando acontecer o mais importante é não deixar ninguém perceber. Só tente não errar."errar não tem problema, só não deixe o público perceber"
A iluminação, a sonoplastia, o cenário, o figurino e os atores, tudo tem que estar em harmonia e cada um precisa saber o que o outro está fazendo para que, assim, as coisas possam ser consertadas caso ocorra algum acidente durante o espetáculo.
Sem luz não há show, pois nada teria para ser ver; até é possível, mas aí já estamos falando de rádio. A luz dá vida à peça, definindo seu estilo, seu gênero, sua intenção. Mas como?
Por exemplo, se queremos um estilo realista/naturalista devemos usar tons comuns, tons( como a própria palava diz) naturais, se trata de imitar o melhor possível o ambiente que se quer retratar: Branco(luz) e amarelo(sol) seriam as escolhas perfeitas, mas vai depender do ambiente, claro. Outro exemplo, se fosse uma boate, teríamos quantas cores estivessem disponíveis, com uma mistura total. Mas, às vezes, queremos expressar algo a mais, nesse caso abrimos uma exceção para sair um pouco da monotonia que pode vir a acontecer durante um espetáculo. A relação entre a luz e o gênero da peça também existe, já que numa comédia se espera mais luz e alegria no palco e numa tragédia, tons de raiva e tristeza, como vermelho, e uma escuridão maior no palco com ambientes mal iluminados, e isso tudo sem esquecer do estilo escolhido.
Mandamentos:
Não deverás:
Apagar a luz enquanto alguém ainda estiver encenando
Passar mais de 10 segundos com a luz apagada
Acender uma luz que não vai ser usada
esquecer de acender uma luz que vai ser utilizada
Deixar os atores atuarem no escuro
Esquecer de apagar uma luz( o que possivelmente vai atrasar o espetáculo inteiro e deixar os atores com cara de bobo)
Uso das cores: (subjetivo)
vermelho: raiva, dor, sangue, misticismo, luta.
azul: calma, sobrenatural, a lua, espectros, dormir.
âmbar: para diferenciar dois locais; sobrenatural.
Amarelo: luz ambiente, à noite mais fraca e de dia mais forte.
Espaço x Luz : Às vezes as cenas eram muito curtas e seria impossível tirar todo um cenário e colocar outro em 10 segundos; então a solução que achamos foi dividir o palco em planos, iluminando apenas o lado que queríamos mostrar e, já que eram muito próximos uns dos outros ,os focos definidos com compensação se mostraram uma solução quase 100% eficaz para isso. Porém nem tudo é perfeito, pois mesmo com os focos definidos a luz ainda reflete um nos outros planos, mas nada que atrapalhe.
Sincronia com a Sonoplastia e os atores: Todas as vezes que tivemos erros desse tipo, foi pura e simplesmente falta de comunicação e esquecimento. São erros como acender uma luz antes ou depois do tempo. Para resolver isso, estamos fazendo um detalhamento total de todas as mudanças que ocorrem de uma cena para outra durante o espetáculo, para que assim todos fiquem na mesma página.
Prática: Os atores e até mesmo o Sonoplasta podem ensaiar em qualquer lugar,o mesmo não acontece com o iluminador, que tem apenas um dia por semana. A solução que achei foi desenhar a mesa de luz repetidas vezes como uma espécie de exercício de fixação de onde fica cada componete.
Criação da Iluminação em cada cena e modificações que tiveram ao longo dos ensaios
Em todas as cenas temos o grupo do pagode no lado esquerdo do palco, usando luz âmbar fraca o tempo todo, que se intensifica quando eles cantam nas cenas 3, 7, 8, 10, 11 e 16.
Parte 1
Cenas:
1 - Luz branca. Lado direito do palco/ Sempre foi assim.
2 - Âmbar com vermelho no centro/ Antes ia ser luz azul, branca e vermelha no lado esquerdo.
3 - Luz branca. Lado direito do palco/ Sempre foi assim.
4 - Luz branca. Lado direito do palco/ Antes iam ser 3 focos seguidos, depois do pagode passou a ser apenas o do centro e o da direita frontal.
5 - Luz branca. Lado direito do palco/Antes ia ser tudo iluminado, mudou depois do pagode.
6 - Foco central e vermelho centro/ Antes o vermelho era ao redor do foco central.
7 - Foco central e foco frontal direito/ Antes iam ser os dois focos laterais frontais.
8 - Luz branca. Lado direito do palco/ Sempre foi assim.
9 - Âmbar com vermelho no centro/ Antes ia ser luz azul, branca e vermelha no lado esquerdo.
10 - Luz branca. Lado direito e no centro do palco mais fraco/ sempre foi assim.
11 - Luz branca. Lado direito do palco/ Antes era tudo.
12 - - Luz branca. Lado direito do palco/ Sempre foi assim.
13 - Âmbar com vermelho no centro/ Antes ia ser luz azul, branca e vermelha no lado esquerdo.
14 - Luz branca. Lado direito do palco/ Sempre foi assim.
15 - Luz branca. Lado direito do palco/ Antes era também o centro.
16.1 - Âmbar direito e vermelho/ Antes era Luz branca na mesma posição.
16.2 - Foco central e âmbar/ Antes era só o foco.
16.3 - Luz de Frente ao palco/ Antes era um foco central.
Victor Hugo
Relato de experiência como iluminador




